Memórias de formação de professoras da EJA: contribuições para a prática docente

Abstract

A pesquisa aborda a importância da memória para a formação de professores e tem como objetivo geral analisar narrativas autobiográficas através da contribuição de memórias de formação para a prática docente. O texto traz uma discussão a partir das narrativas das professoras, suas práticas e o saber docente articulando com os espaços de interlocução entre políticas públicas, dispositivos legais para a formação de professores e oferta da modalidade Educação de Jovens e Adultos. Os objetivos específicos da pesquisa constituem em analisar as trajetórias e experiências das professoras co-autoras, bem como os impactos da formação sobre a prática docente, reconhecer as contribuições da memória como processo formativo, ressignificar saberes e legitimar práticas, lugar de fala, resistência e militância na EJA. Dentre os resultados da pesquisa, é possível destacar que os graves problemas enfrentados pela escola pública não pode ser atribuído somente à formação do professor, mas principalmente a uma estrutura política que torna precário a prestação do serviço público. Os sujeitos da pesquisa são professores captados a partir de contatos profissionais associado ao critério de atuação na Educação de Jovens e Adultos. Todas as professoras atuam na rede pública de educação na região metropolitana e na cidade do Rio de Janeiro, possuem formação em nível superior e participam de formações oferecidas por suas redes de ensino. A pesquisa é de cunho qualitativo ancorada na metodologia de história oral e da pesquisa narrativa. Foi utilizada também a técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2016) para analisar os depoimentos das professoras. A fundamentação teórica é apoiada Le Goff (1990), Halbwachs (1990), Pollak (1989 e 1992) e Bosi (2016) para trabalhar os conceitos de memória. Para fundamentar as reflexões acerca da escola e suas complexidades, apoio-me em Freire (1987), Gadotti (2000) e Saviani (2009). Para definir o campo da EJA, trago as leituras Vargas e Fantinato (2011), Arroyo (2006), Soares, Giovanetti e Gomes (2005). Para desenvolver a metodologia, trago leituras e diálogos com Bauer (2002) e Bardin (2016), Benjamin (1992), além de Bakhtin (2004) para refletir sobre linguagem. As narrativas das professoras apontam a necessidade de ampliação de espaço de discussão sobre a Educação de Jovens e Adultos na formação inicial, além de pesquisas e divulgação de trabalhos. Destaca a importância de se discutir a EJA na formação das outras áreas de conhecimento, tais como a História, Geografia, Matemática, entre outras. Assinala que afetividade, empatia e afinidade são atributos importantes para o trabalho com o jovem e o adulto, mas enfatiza também que o profissional precisa ser valorizado tanto na sua remuneração quanto na estrutura de seu trabalho. Ressalta a necessidade de ampliação de políticas públicas para o acesso e permanência para o aluno na modalidade.