A RODA DE CONVERSA COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE MENTAL

Abstract

A Rede de Atenção Psicossocial fruto resultante de uma longa luta antimanicomial no Brasil, também conhecida como a Reforma Psiquiátrica, consiste na concretização e institucionalização de uma nova forma de oferta de serviços no campo da saúde mental, que envolve reconhecer o usuário no seu contexto familiar e social, ampliando as possibilidades de convívio social, além de tratamento do sofrimento psíquico. Neste contexto o processo de trabalho impõe desafios, limites e possiblidades que convocam reflexões constante acerca das práticas profissionais que vem sendo utilizadas no cuidado em Saúde Mental. Este produto surgiu a partir da necessidade da construção de um espaço coletivo democrático que possibilitasse trocas de saberes, experiências e reflexões da equipe do Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil, de um município no interior do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo é utilizar a roda de conversa como ferramenta de intervenção da Educação Permanente para promover o reconhecimento dos trabalhadores de saúde mental como protagonistas na construção do cuidado, na organização e fortalecimento do processo de trabalho no qual estão inseridos. A metodologia aconteceu através da realização de três encontros utilizando o referencial teórico-metodológico da Sócioclínica Institucional em sua modalidade de intervenção, na perspectiva da análise institucional das práticas profissionais.1) Numa primeira etapa, aconteceu uma explanação sobre os conceitos da educação permanente em saúde e apresentação a gestão e a equipe sobre a relevância da intervenção nas equipes do SUS, solicitando ao gestor um panorama geral dos pontos positivos e negativos do processo de trabalho do dispositivo de saúde, e foi identificada a encomenda para aquela determinada equipe. 2) No segundo encontro ocorreu a sensibilização da equipe para assumir o compromisso dos encontros e estabelecer acordos para o desenvolvimento dos mesmos, salientando que a realização da intervenção parte de uma necessidade identificada pela coordenação na equipe. 3) Realizar a roda de conversa na qual o mediador inicia com a exposição da encomenda, sintetizando a pergunta central da investigação estimulando o debate no grupo, momento em que todos são convidados a oferecer a sua visão/experiência sobre a demanda construída. 4) A próxima etapa, a restituição, é realizada devolutiva sobre a intervenção e processado as demandas do grupo, neste momento a equipe pode eleger uma situação problema significativa para refletir sobre o processo de trabalho. Nesta etapa pode-se fazer uma avaliação da intervenção e levantamento da necessidade de outras encomendas. Conclui-se que a Roda de Conversa possibilitou o reconhecimento das tecnologias que são empregadas pelos trabalhadores de saúde mental na construção do cuidado, bem como oportunizou uma avaliação e identificação dos fatores que tem sido determinantes para o estabelecimento sde suas práticas profissionais. Espera-se que o produto contribua para o desenvolvimento e fortalecimento de outros trabalhadores do SUS, criando possibilidades de aprendizado significativo no campo de atuação e reforçando a necessidade da implantação de estratégias de Educação Permanente em Saúde em outros municípios