PRÁTICAS PARA O ENSINO DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO: UMA EDUCAÇÃO CTS/CTSA

Abstract

O guia didático em questão é um produto educacional decorrente de uma pesquisa científica denominada de estudo de caso: Produção de conhecimento escolar a partir dos debates sobre poluição no Rio Doce numa perspectiva CTS/CTSA desenvolvida no período entre 2015 e 2016, ou seja, durante a realização do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciência e Matemática (EDUCIMAT) do Instituto Federal do Espírito Santo. Esta pesquisa tratou do desenvolvimento de uma intervenção escolar na forma de uma sequência didática, cujo título foi “As Ciências às Margens do Rio Doce” aplicada aos alunos da “EEEFM José Damasceno Filho”, que se localiza na Rua Quintino Bocaiuva de número 442 no bairro Sapucaia Baixo Guandu-ES. O curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação Educimat favoreceu subsídio teórico para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras (por que não ousadas?) e reflexões tocante ao ensino de ciências e um aperfeiçoamento sobre temas educacionais, tais como: metodologia de ensino, teorias da aprendizagem e o enfoque alicerçado no Movimento CTS/CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente), propiciando uma reflexão crítica a respeito de questionamentos tangentes à educação, de modo abrangente. Acreditamos que uma das formas de se melhorar o aprendizado, com relação aos conhecimentos químicos ou científicos de um modo geral, está na utilização de aulas experimentais e práticas, dentro de uma concepção contextual e interdisciplinar. Por meio deste tipo de abordagem didática, o aluno poderá interagir com o objeto de estudo, levantando suas próprias hipóteses, propondo e respondendo aos direcionamentos traçados na formulação dos objetivos, investigando e registrando de maneira autônoma e orientada. Sendo assim, a temática da água tão relevante em nossos dias (diante da crise hídrica que afeta não somente o Brasil, mas o mundo) aproveitamos a conjuntura atual para levar este problema para a sala de aula. A região noroeste do ES, que já enfrenta há alguns anos uma séria escassez de água por conta de fatores climáticos, ambientais e o modelo de desenvolvimento adotado, viu-se, no final de 2015, atingida pelo desastre ambiental no Rio Doce, para onde aflui o Rio Guandu ES, que abastece a cidade. Embora localizada aproximadamente a 500 Km do epicentro do incidente, o rompimento na barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais (que lançou milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no Rio Doce) causou impactos profundos às comunidades ribeirinhas locais, inclusive, neste contexto, a comunidade de Baixo Rio Guandu ES, forçando o serviço de capitação de água e esgoto (SAAE) a mudar o ponto de capitação da água para o rio Guandu-ES, e outros impactos ambientais relevantes Os impactos ambientais deste que ficou conhecido mundialmente como o maior crime ambiental do Brasil, nem sempre são identificáveis a olho nu. Precisam de um esforço de investigação e de uma educação crítica e participativa para que sejam desvelados e posteriormente serem mitigados. Este guia contempla a construção de um aparelho batizado por um dos integrantes do grupo de pesquisa de “eletrokipp” – junção do aparelho de Kipp com uma cela eletrolítica, e também algumas atividades experimentais com seu emprego. O aparelho foi essencial para iniciar a análise de metais pesados no sedimento de fundo do Rio Doce, que foi parte de uma das atividades do projeto de pesquisa. O aparelho foi construído a partir de materiais alternativos tais como: recipientes PETs, tubo de caneta transparente, equipo e outros. Durante a utilização do aparelho observou-se que ele poderia ser utilizado para abordar outros conteúdos e experimentações que também serão descritos nesse guia. Ressalta-se que o uso do aparelho construído poderá ser explorado em uma perspectiva CTSA com pressupostos freireanos, objetivando, assim, uma educação direcionada para a formação de sujeitos autônomos, aptos a problematizar prescrições emanadas de outros contextos (AULER, 2011). O movimento CTSA surgiu num contexto de desaprovação ao modelo de desenvolvimento econômico que estava agravando a crise ambiental e ampliando o processo de exclusão social (SANTOS, 2011).