A roda de leitura

Abstract

Este trabalho integra os estudos da linha de pesquisa Leitura e Produção Textual: diversidade social e práticas docentes do Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – IFES – Campus Vitória/ ES. Teve por objetivo analisar a inserção da prática Rodas de Leitura, tema esse que teve estreita relação com inquietações advindas da prática profissional e pessoal da pesquisadora. Com base nos pressupostos teóricos da Filosofia da Linguagem em Walter Benjamin (2012) e Mikhail Bakhtin (2003) e de produções do campo da Literatura e do Ensino (Kramer, 2009; Yunes, 2009; LeahyDios, 2000; Foucambert,1997, 1994; Zilbermann, 1991, 2007; Dalvi, 2013), mais especificamente centrada nos conceitos de experiência e narração, buscou identificar de que modo as concepções de leitura, modos de ler, finalidades da roda de leitura propiciam a formação do leitor literário e se configuram práticas leitoras no âmbito escolar que estimulam novas leituras. Para desenvolver esta pesquisa, utilizou-se como metodologia a pesquisa qualitativa, cujo foco centra-se na observação participante e na pesquisa intervenção. Nossas ações investigativas aconteceram por meio da aplicação de oficinas literárias em uma turma do quinto ano do Ensino Fundamental do Sistema Público Estadual de Ensino, no bairro Barra do Jucu, no município de Vila Velha, ES. Ao final de cada oficina literária os participantes envolvidos produziram relatos escritos. Ainda, fez-se uso de entrevistas semiestruturadas com os demais participantes (a professora regente e o diretor), além dos registros do Diário de Campo, análise dos caderninhos de “perguntas e respostas”, fotografias e filmagens, para constituir o corpus da pesquisa. Constata-se que na roda de leitura a experiência com a literatura se dá no sentido pleno, pois recupera a narração e traz a leitura para o espaço do lúdico. A pesquisa permite afirmar que a roda de leitura é uma prática leitora, um acontecimento singular que potencializa a formação do leitor literário, bem como gera momentos de reflexão e ressignificação das práticas pedagógicas, destacando-se a importância dos mediadores da leitura. Fortalece também a premissa de que a literatura possui dimensão humanizadora, revelada a partir do encontro dialógico entre leitor e texto literário. Encontro esse que propicia ao leitor o conhecimento de diversas culturas em seus aspectos sociais e históricos, a liberação do imaginário, o diálogo com diferentes textos e linguagens. O uso do círculo aproxima os leitores na troca de suas interpretações, para estímulo intensivo da própria experiência de dizer e dizer-se.