O ensino de sociologia e a construção da subjetividade política: uma análise do discurso dos manuais escolares 2012-2018

Abstract

Esta pesquisa analisa os discursos sobre a política em livros didáticos de Sociologia aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático entre os anos de 2012 e 2018. Em função da importância que esses manuais adquirem para o ensino da Sociologia na escola de nível médio, bem como das recentes críticas das quais eles têm sido objeto, e, sobretudo na medida em que eles são lugares para a circulação de diversos gêneros de discurso, faz-se necessário fixarmos nossa atenção para este bem simbólico. O problema da pesquisa consiste em compreender quais são as concepções de política presentes nos manuais escolares. Do ponto de vista teórico, partimos das contribuições da Teoria do Discurso numa perspectiva pós-estruturalista. O procedimento metodológico empregado para análise dos textos é a análise do discurso. O trabalho concluiu que o tratamento conferido ao tema da política tem privilegiado a abordagem conceitual e histórica produzindo um tipo de compreensão que se expressa em três registros: (i) a política como conceito (ii) a política como memória e (iii) a política como prática social coletiva. Concluímos ainda que o ensino da Sociologia na Educação Básica, bem como a presença do tema política nos manuais escolares têm concorrido para a construção de formas de subjetividade política, e que tais questões traduzem o esforço da Sociologia escolar em fomentar a produção do estudante-crítico, estudante-cidadão e estudante-ator-coletivo. Formas de subjetividade política associadas a um sujeito (os jovens) classificado pelo discurso como o agente responsável pela transformação social