Adoção do livro didático de sociologia na educação básica: estudo com docentes da rede pública da Primeira Gerência Regional de ensino da Paraíba

Abstract

Esta dissertação trata da adoção do livro didático de Sociologia na educação básica pelos docentes da rede pública da Primeira Gerência Regional de Ensino da Paraíba, entre os anos de 2014 e 2015, partindo do princípio de que essa atividade revela muitas particularidades com relação à execução do Programa Nacional para o Livro Didático (PNLD). Investiga-se a prática docente do professor de Sociologia observando-se: os critérios utilizados para seleção dos livros didáticos aprovados pelo PNLD, os fatores que influenciam seus métodos e recursos didáticos no planejamento de aula, as estratégias didáticas utilizadas para o trabalho com conceitos e teorias sociológicas e a forma como os professores utilizam o livro didático como ferramenta de ensino. O livro didático possui características e funções bastante peculiares, especialmente no contexto de reintegração da Sociologia nos currículos do Ensino Médio. Pode funcionar como formação de professores, adquirir função de currículo, tem potencial para transpor um discurso científico a um domínio cognitivo apropriado ao Ensino Médio, entre outros atributos. No entanto, alguns professores nem sequer o utilizam com seus alunos ou para leitura própria. Os outros empregam um caráter de centralidade ao livro como recurso didático. Assim, o livro didático ora assume uma função central para o professor, que faz o programa do curso e organiza suas aulas unicamente com base nele, ora a adesão ao livro didático torna-se secundária para muitos professores, que não o utilizam, ou o utilizam pouco, e preferem construir suas discussões partindo da utilização de outros recursos didáticos. Neste sentido, a não utilização pode ser positiva, por permitir autonomia do docente e a possibilidade de contribuição de diversos outros elementos, conforme aconselha o próprio guia do PNLD, ou pode prejudicar as práticas de ensino e aprendizagem, no caso do distanciamento completo das teorias e conceituações sociológicas. Assim, levando em consideração sua utilização pelos docentes nas escolas, o livro didático fica entre um papel central e um papel secundário, entre a hipercentralidade e o desprezo. No caso da não adoção, há ainda uma questão preocupante, especialmente no que tange às escolas públicas brasileiras, que é o amplo investimento do governo federal para a aprovação e distribuição dos livros didáticos.