Espiral do ensino: percursos possíveis para a mediação didática de sociologia

Abstract

Esta dissertação tem o objetivo de apresentar um modelo de mediação didática para o ensino de sociologia na educação básica. Por este motivo, é preciso esclarecer sobre essa prática de ensino. A mediação didática proposta tem como fito o ensino de cultura, e foi efetivado em uma escola pública na cidade de São José do Belmonte, sertão pernambucano. Apesar de a disciplina chamar-se sociologia, ela deve ter o auxílio de outras ciências sociais, como a ciência política e a antropologia. Este tripé deve se inter-relacionar, dando esteio um ao outro para que o aluno possa compreender, por meio de uma linguagem acessível, a sociedade na qual está inserido. Considerando ainda a indicação das diretrizes escolares de contextualização, a proposta da mediação é fazer com que os alunos de São José do Belmonte desnaturalizem a sua realidade concreta por meio de um trabalho de perspectiva etnográfica, feito durante a festa local da Cavalgada à Pedra do Reino. Antes de irem a campo, os estudantes foram apresentados à diversidade dos conceitos de cultura em sala de aula. Também, aprenderam sobre cultura popular, festas e, especificamente, sobre a festa da Cavalgada à Pedra do Reino. Por fim, esclareceu-se sobre o que é a etnografia e como deveria ser o trabalho que eles iriam elaborar. A etnografia foi mediada para o ensino médio, e então ensinada nas aulas. Ao utilizar a temática da cultura, pode-se dentro dela compreender a festa regional e, principalmente, as diferenças culturais. Assim, essa mediação didática responde às diretrizes do ensino no que toca à necessidade do estudante de ensino médio compreender, por meio da sociologia, a sociedade na qual vive e faz parte. O diferencial deste trabalho consiste em utilizar a etnografia como ferramenta de pesquisa em dois sentidos: primeiro, para os alunos estranharem sua própria sociedade; segundo, para que os discentes sejam interpretados, observados, compreendidos em suas teias de significados. A etnografia serve, portanto, tanto ao ensino de cultura, como método de pesquisa e avaliação pedagógica. A experiência, porém, extrapolou o objetivo, e verifica-se que o modelo exposto também pode servir para outros temas ensinados nas ciências sociais. Foi solicitado aos educandos que elaborassem cadernos de campo, no qual expressariam seus aprendizados e dúvidas, além de ofertar câmeras fotográficas para que registrassem por foto aquilo que estranhavam. A avaliação foi direcionada ao comportamento dos estudantes e ao processo etnográfico realizado por eles. Por considerar que o exercício docente é voltado para o aluno, a estrutura da dissertação foi montada pensando na prática de ensino. Primeiro, o professor estuda sobre o que vai lecionar, assim é apresentada uma discussão teórica sobre o conceito de cultura. Depois, o educador ensina aquilo que foi estudado. Por isso, a mediação didática realizada é descrita em minúcia. Finalmente, o docente avalia os efeitos do aprendizado ocorrido, fazendo também sua autoavaliação. Assim, essas ações – estudar, lecionar e avaliar – integram a espiral do ensino. As falas, fotografias e cadernos de campo elaborados pelos discentes ressoam o sucesso e os limites da pesquisa. Mais que uma prática de ensino, essa proposta pode ser uma maneira de despertar o interesse dos alunos para o aprendizado. A eles é dado a chance de protagonizarem o processo de ensino-aprendizagem; os alunos usaram o mundo como laboratório para compreender a sociologia. Como está expresso em caderno de campo, entenderam de uma forma diferente aquilo que já conheciam. Assim, caminhos possíveis no ensino de sociologia são apontados, tomando por base a experiência implementada.