Fisioterapia em idosos em home care: evidências de efetividade e desafios para a prática clínica

Abstract

O envelhecimento populacional, associado ao aumento da multimorbidade e da fragilidade, tem ampliado a demanda por modelos de cuidado contínuo centrados no domicílio. Nesse contexto, a fisioterapia em home care (atenção domiciliar) configura-se como estratégia fundamental para a preservação da funcionalidade, a prevenção de incapacidades e a promoção da qualidade de vida de pessoas idosas. Este artigo apresenta uma revisão narrativa da literatura, fundamentada em estudos que abordam os desafios da atuação fisioterapêutica na Atenção Domiciliar vinculada à Estratégia de Saúde da Família (Santos et al., 2024), os efeitos da fisioterapia domiciliar sobre a qualidade de vida de idosos em home care (Langowski et al., 2025), bem como referências clássicas sobre fisioterapia aplicada ao envelhecimento no domicílio (Góis; Veras, 2006) e a dissertação de Marcial (2013), que discute a fisioterapia geriátrica domiciliar em interface com o lazer.

Em diálogo com diretrizes e evidências internacionais sobre envelhecimento, fragilidade e exercício físico em idosos (Fried et al., 2001; Clegg et al., 2013; World Health Organization, 2015; Campbell et al., 1997; Sherrington et al., 2011; Gillespie et al., 2012), analisa-se como a fisioterapia em home care pode alinhar-se a modelos de cuidado centrados na funcionalidade, na autonomia e na inserção comunitária. De modo geral, os estudos indicam que programas domiciliares de fisioterapia, predominantemente multicomponentes — envolvendo fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e funcionalidade — e adaptados às necessidades individuais, contribuem para a redução da restrição ao leito, a melhora da mobilidade, da autonomia nas atividades de vida diária e de indicadores de qualidade de vida, além de favorecerem o vínculo terapêutico com familiares e cuidadores.

Entretanto, persistem desafios relevantes para a consolidação dessa prática, tais como a subutilização da fisioterapia domiciliar na atenção básica, a ausência de protocolos clínicos padronizados, dificuldades logísticas, lacunas na formação profissional voltada à atuação no domicílio e a ainda incipiente incorporação de dimensões como lazer, participação social e bem-estar subjetivo nos planos terapêuticos. Conclui-se que a fisioterapia em home care para idosos constitui componente essencial de modelos integrados de cuidado, desde que articulada a equipes multiprofissionais, sustentada por qualificação específica dos profissionais e respaldada por políticas públicas que reconheçam seu papel estratégico no contexto do envelhecimento populacional.