Estratégias atuais em suplementação Pediátrica: Da correção de deficiências aos bioativos funcionais

Abstract

A suplementação pediátrica tem passado por uma mudança conceitual relevante, deixando de se restringir à correção de deficiências nutricionais para incorporar estratégias voltadas à otimização da composição corporal, ao crescimento linear e à modulação da resposta imunológica. Este trabalho teve como propósito reunir e analisar evidências recentes acerca dessa evolução, enfatizando abordagens contemporâneas fundamentadas em dados científicos.

Para tanto, realizou-se uma revisão narrativa da literatura, abrangendo publicações entre 2020 e 2025, incluindo ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas e diretrizes clínicas. A análise concentrou-se na suplementação com micronutrientes, na eficácia dos suplementos nutricionais orais (ONS) sobre a composição corporal e o crescimento infantil, bem como no papel emergente de compostos bioativos.

Os achados indicam que deficiências de ferro, vitamina D, zinco e iodo permanecem altamente prevalentes, com repercussões importantes sobre o desenvolvimento físico e neurocognitivo. Estudos clínicos recentes demonstram que o uso de ONS completos, quando associado ao aconselhamento dietético, favorece maior recuperação do crescimento linear e incremento de massa magra, quando comparado ao aconselhamento isolado, sem induzir aumento desproporcional da adiposidade corporal. Além disso, componentes bioativos como lactoferrina, TGF-beta, nucleotídeos e prebióticos apresentam potencial na modulação imunológica e gastrointestinal, embora a consistência das evidências ainda seja variável.

Observa-se, paralelamente, um aumento no consumo de suplementos por crianças e adolescentes sem orientação profissional, frequentemente motivado por objetivos estéticos ou pela percepção de fortalecimento do sistema imunológico, o que levanta preocupações quanto ao uso indiscriminado desses produtos.

Conclui-se que a suplementação pediátrica atual deve ser pautada por intervenções individualizadas, baseadas em evidências científicas e orientadas para a qualidade do crescimento, com atenção especial aos riscos do uso não supervisionado em populações saudáveis. O emprego de ONS e compostos bioativos mostra-se promissor, sobretudo em grupos pediátricos vulneráveis, desde que prescrito de forma criteriosa e acompanhado por profissionais de saúde.