SD Oficina de Prevenção e Manejo do Comportamento Suicida: aprender para intervir

Abstract

A construção desta sequência didática é resultado da Dissertação de Mestrado Profissional “Tecnologia educacional sobre prevenção e manejo do Comportamento Suicida no ensino da Psicologia”, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde na Amazônia (PPGESA) da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Trata-se de um produto educacional projetado para ser utilizado com graduandos em Psicologia, representando uma ferramenta metodológica cujo objetivo é favorecer o aprendizado dos futuros psicólogos, preparando-os para a realização de intervenções junto a indivíduos que apresentam comportamento suicida. A idealização do referido produto está em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de graduação em Psicologia, visto que a formação acadêmica deve atender à responsabilidade da profissão na prevenção e promoção de saúde mental, o que requer o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes (Brasil, 2023; CFP, 2022; CFP, 2005; Feijoo et al., 2023; Fukumitsu, 2014). O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, sendo reconhecido como um grave problema de saúde pública. O termo expressa o óbito auto provocado de forma intencional, constituindo uma grave problemática em diferentes países. Em 2019, antes da pandemia do COVID-19, estimava-se que anualmente 703 mil pessoas morriam por suicídio no planeta. No Brasil, somente em 2021, foram notificados 15.499 óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente (OMS, 2021; Bentley, 2021; Brasil, s/d.). O comportamento suicida é amplo e variado em nível de gravidade: abrange o desejo de morrer, a ideação de provocar a própria morte, o planejamento para a auto violência, o planejamento estruturado, a tentativa de suicídio e o suicídio consumado. Trata-se de um fenômeno complexo e multifatorial, no qual as intervenções psicológicas têm significativo impacto, tanto no que concerne à prevenção, como no enfrentamento dessa problemática (Andreotti et al., 2020; Mann et al., 2021; Bernert et al., 2020; Fawcett et al., 2022). A sequência didática constitui um produto educacional possui impacto, aplicabilidade e relevância social, haja vista que seu objetivo é aprimorar o ensino da temática ao longo da formação profissional. Assim, sua operacionalização foi idealizada para ocorrer por meio da realização de uma oficina pedagógica, cuja estrutura foi projetada a partir de uma experiência prévia realizada com estudantes de Psicologia, os quais forneceram importantes contribuições para o refinamento do produto educacional em sua versão final. Essa experiência piloto foi relevante para avaliar as metodologias de ensino propostas e o tempo de duração das atividades, além de outros elementos constituintes da sequência didática. Para Galeski et al., (2020) uma oficina pedagógica é uma forma de construir conhecimento enfatizando a prática, sem desconsiderar a teoria. Nesse formato, o ensino-aprendizagem ocorre de forma abrangente (sentir-pensar-agir), ao incorporar ação e reflexão, além da cognição, já enfatizada na educação tradicional (Valle et al., 2012). As oficinas pedagógicas têm basicamente duas finalidades, incluindo a articulação de conceitos, pressupostos e noções com ações concretas, bem como a vivência e execução de tarefas em equipe, isto é, apropriação ou construção coletiva de saberes. Além disso, seu diferencial está no seu formato, haja vista que o foco é no estudante e na aprendizagem (Paviani, et al., 2009; Souza et al., 2020). Por fim, espera-se que a utilização da sequência didática por diferentes educadores possa ajudar a dar maior visibilidade à relevância do tema, trazendo inúmeros benefícios não somente ao ensino em saúde, mas também ao enfrentamento dessa realidade no país. Sem dúvida, a Psicologia tem muito a contribuir nesse cenário, o que exige das instituições formadoras que ofertam o curso a responsabilidade de promover uma formação crítica, ética e comprometida com essa complexa demanda social e de saúde pública.