Comparação entre Coblation e Dissecção a Frio na Amigdalectomia: Impacto nas Complicações e Recuperação Pós-Operatória

Abstract

A amigdalectomia permanece como um dos procedimentos cirúrgicos de maior relevância e prevalência na prática otorrinolaringológica. Tradicionalmente, a técnica de dissecção a frio consolidou-se como padrão ouro, sendo amplamente difundida pela comunidade médica em função de sua segurança e previsibilidade. Contudo, nas últimas duas décadas, a técnica de coblation ganhou espaço significativo e passou a ser objeto de comparações sistemáticas, sobretudo pela promessa de reduzir o trauma tecidual, a dor pós-operatória e o sangramento durante o ato cirúrgico.

Esta revisão reúne e analisa criticamente evidências provenientes de ensaios clínicos randomizados, metanálises e estudos prospectivos de grande porte publicados entre 2000 e 2025, buscando elucidar diferenças relevantes entre as técnicas no que se refere às complicações intraoperatórias, aos desfechos pós-operatórios imediatos e às complicações tardias. Os achados indicam que a coblation oferece vantagens consistentes na diminuição da dor pós-operatória precoce, na redução do sangramento intraoperatório e na aceleração do retorno dietético. Entretanto, quando se examina a ocorrência de hemorragia tardia, a literatura mostra-se heterogênea, com resultados por vezes conflitantes e sem consenso definitivo.

Conclui-se, portanto, que a coblation se apresenta como uma alternativa eficaz, associada a desfechos favoráveis no período pós-operatório inicial. Ainda assim, a necessidade de estudos adicionais permanece, sobretudo aqueles que permitam comparações robustas quanto à segurança a longo prazo. A decisão entre uma técnica e outra deve considerar não apenas a experiência individual do cirurgião, mas também a construção de uma escolha compartilhada e alinhada às expectativas e necessidades de cada paciente.