Dissolvendo dúvidas: a química das soluções

Abstract

A formação educacional da Pessoa com Deficiência perpassa por uma trajetória que revela a adoção de práticas pedagógicas e de reabilitação, com base nas singularidades de cada pessoa. No entanto, os aspectos inclusivos têm sido incorporados à educação das pessoas cegas, considerando que se verifica um aumento desses estudantes nas escolas regulares. Isso leva a alterações nas metodologias de ensino, buscando contemplar as demandas educacionais de maneira justa e equânime. Assim, esta pesquisa apresenta uma proposta didática para o ensino de Química voltado a estudantes cegos, centrando-se na aprendizagem do conteúdo de Soluções Químicas. O objetivo foi apresentar uma proposta didática para o ensino de Química a estudantes cegos, com abordagem multissensorial. Buscou-se, para tanto, explorar os sentidos remanescentes do estudante para desenvolver conceitos científicos e avaliar as contribuições da intervenção. Em termos metodológicos, temos uma abordagem qualitativa, com uma pesquisa de caráter exploratório e descritivo, que permitiu análises detalhadas das interações entre o estudante e os recursos inclusivos. Além disso, os métodos adotados evidenciam o caráter de um estudo de caso. Dessa forma, fizemos uma sequência didática adaptada para um estudante cego congênito no Ensino Médio, com recursos multissensoriais, tal como modelos táteis, sensações palatáveis e materiais em Braille. Durante a intervenção foram explorados conceitos relativos à concentração, soluto, solvente, além da distinção entre sistemas homogêneos e heterogêneos com exemplos contextuais. A pesquisa contou com a participação ativa do estudante, cuja interação com os recursos revelou avanços na compreensão conceitual. Além disso, destacamos a importância da apostila em Braille como recurso educacional para desenvolver uma aprendizagem adaptada e autônoma. Os resultados demonstraram que as práticas pedagógicas inclusivas instituídas nas aulas foram capazes de superar barreiras comunicacionais e educacionais, promovendo a equidade e a participação efetiva do estudante cego nas aulas de Química. Dessa forma, concluímos que a inclusão demanda de um planejamento pedagógico criterioso e a criação de recursos adaptados, que atendam as singularidades do estudante e favoreça a sua autonomia e protagonismo no processo de ensino e aprendizagem de uma Química que seja mais inclusiva.