– MODELO DE CONSULTA COLETIVA: ENCONTROS QUE CUIDAM – SABERES VIVOS EM AMAMENTAÇÃO

Abstract

Objetivo Geral:

Promover um espaço de cuidado, acolhimento e troca de saberes entre gestantes, nutrizes, suas redes de apoio e profissionais de saúde, com foco na promoção, proteção e apoio a amamentação, por meio de consultas coletivas regulares e integradas à rotina da unidade.

Público-alvo:

Gestantes atendidas pela unidade de saúde; Nutrizes (pessoas em fase de amamentação); Rede de apoio (companheiros/as, avós, familiares, cuidadores); Profissionais da saúde da Atenção Primária

Formato da Consulta Coletiva:

 Periodicidade: Quinzenal (ou conforme realidade da unidade)  Duração média: 1h30 à 2h  Equipe envolvida: Profissionais das equipes de saúde da família

Etapas da atividade:

1ª etapa- Acolhida e roda de conversa (momento coletivo);

 Início com apresentação e ambientação;  Roda de conversa com escuta qualificada e compartilhamento de vivências, dúvidas e percepções sobre a amamentação;  Espaço dialógico onde saberes populares e técnicos se encontram;  Conduzido com base na metodologia Freiriana de educação dialógica e participativa;  Aferição de Pressão arterial, medidas antropométricas;

2ª Etapa: Atendimento individualizado (momento clínico):

 Após o momento coletivo, a usuária poderá ser acolhida por sua equipe de referência, para consulta individualizada, caso tenha sido observado alguma necessidade especifica;  Será realizada a avaliação da mamada e orientação individual conforme suas necessidades.  Espaço para esclarecimento de dúvidas específicas e identificação de demandas de cuidado.

Fundamentação Teórica:

A presente proposta fundamenta-se nos pressupostos da Educação Permanente em saúde (2018), pedagogia crítica de Paulo Freire (2022) e na concepção de “trabalho vivo em saúde” de Emerson Merhy (2014), compreendendo a consulta coletiva como um espaço privilegiado para a construção compartilhada do cuidado. Nessa perspectiva, o encontro entre profissionais e usuárias é concebido como um processo dialógico, em que o saber é produzido de forma horizontal, a partir das vivências e necessidades concretas das participantes, rompendo com a lógica verticalizada de transmissão de conhecimento. Evidências apontam que intervenções educativas pautadas nessa abordagem participativa apresentam resultados expressivos. De acordo com Oliveira et al. (2016), a aplicação de estratégias educativas voltadas para gestantes promoveu ampliação significativa do conhecimento sobre o aleitamento materno exclusivo, refletindo-se em condutas mais adequadas quanto à posição do bebê durante a mamada e à duração da sucção. Tais aprimoramentos repercutem positivamente na efetividade da amamentação e contribuem para a redução das taxas de mortalidade infantil, reforçando a relevância da educação em saúde como componente essencial da atenção materno-infantil.

Resultados Esperados:

 Fortalecimento das práticas de amamentação.  Ampliação da autonomia e protagonismo de quem amamenta.  Fortalecimento do vínculo entre equipe e usuários.  Desenvolvimento de ações de educação permanente para os profissionais.

Potencial de Replicabilidade:

 Este modelo pode ser adaptado conforme as características de cada território e da equipe de saúde. Para isso, recomenda-se:  Inserção da atividade na agenda mensal da unidade.  Mobilização das usuárias por meio dos Agentes Comunitários de Saúde.  Sensibilização e formação da equipe para atuação com abordagem centrada na escuta e no diálogo.  Registro das atividades e monitoramento das demandas identificadas nas rodas.

1. Etapas de Implantação na Unidade de Saúde 1.1. Sensibilização da Equipe

 Realizar uma reunião com todos os profissionais da unidade para apresentar a proposta.  Discutir a importância da consulta coletiva como espaço de cuidado, vínculo e educação permanente.  Compartilhar os fundamentos teóricos: Paulo Freire (educação dialógica) e Emerson Merhy (trabalho vivo em saúde).

1.2. Definição da Logística

 Escolher um dia fixo  Garantir espaço físico adequado  Organizar materiais de apoio: fichas, equipamentos para avaliação clínica e folders educativos.

1.3. Planejamento Intersetorial

 Integrar equipes de saúde da família, consultores de aleitamento, Equipe Emulti e agentes comunitários.  Convidar representantes da rede de apoio (ex: grupos de mulheres, creches, CRAS). 2. Desenvolvimento da Consulta Coletiva

Etapa 1 – Acolhida e Roda de Conversa

 Duração: 30 a 40 minutos  Facilitador: profissional de referência (enfermeiro, médico, assistente social, dentista..)  Técnico de enfermagem: Aferição de pressão arterial e medidas antropométricas  Agente comunitário: organização do espaço e preenchimento dos dados dos participantes;  Metodologia: Roda de conversa; Debates; Gamificação....

Etapa 2 – Atendimento Individualizado

 Duração: 15–20 minutos por nutriz;  Profissional: equipe de referência;  Atividades: Avaliação da mamada; escuta das demandas individuais; anotações no prontuário da nutriz e bebê.  Ferramenta: Fluxograma da amamentação.

3. Encerramento e Encaminhamentos

 Agradecimento coletivo;  Convite para a próxima consulta coletiva;  Encaminhamentos.

4. Estratégias de Convocação dos participantes

 Convites em consultas de pré-natal e puericultura;  Divulgação nas redes sociais da unidade;  Mobilização pelos ACS durante visitas domiciliares;  Cartazes na Unidade de Saúde.

5. Avaliação e Monitoramento

 Roda de conversa entre profissionais após cada encontro (reflexão crítica);  Registro das demandas mais frequentes;  Elaboração de relatório mensal;  Espaço para que os profissionais troquem saberes e construam ações futuras.