GÊNERO E CEARÁ CIENTÍFICO: UM ESTUDO SOBRE PROJETOS ESCOLARES (2015-2018)

Abstract

O trabalho desenvolve reflexões sobre dez projetos escolares que participaram da fase estadual do Ceará Científico (evento da rede estadual de ensino do Ceará que consiste numa mostra competitiva de trabalhos de pesquisa). Os projetos selecionados têm em comum a presença do termo gênero, assim como a menção de temáticas que se avizinham ou compõem suas discussões. O interesse do trabalho é percorrer iniciativas localizadas na escola para o tratamento de uma questão de amplo debate público e midiático, com forte oposição de grupos neoconservadores à sua menção nas aulas ou à sua inserção em legislações educacionais e documentos curriculares. Partimos da análise dos projetos para refletir sobre: os vetores da discussão do gênero na escola, a disseminação de ações escolares para o debate desse tópico e a articulação das noções de “pedagogia de projetos” e “aprendizagem baseada em projetos” em sua conexão com a prática da pesquisa no nível básico de ensino. Como ferramenta de aproximação do nosso campo de estudo utilizamos os resumos expandidos dos trabalhos e entrevistas com os professores orientadores, mediando nossas observações estão princípios da análise de conteúdo. Encontramos como produto derivado da pesquisa um complexo de ações para o tratamento do gênero na escola: aulas de sociologia, participação em competições artísticas e culturais, disciplinas eletivas, disciplinas da parte diversificada do currículo das escolas com ampliação da carga horária e projetos inseridos ou não no Ceará Científico. As escolhas docentes, o alto nível de participação dos estudantes no debate e a quantidade de realizações escolares em torno do assunto gênero refletem a afirmação do seu estudo e a ratificação da necessidade da discussão por sua relação com o cotidiano escolar e a experiência pessoal dos jovens. O termo gênero, no contexto dos projetos escolares, é abordado em seus desdobramentos sobre as maneiras de pensar e agir dos jovens na escola, e também fora dela, em interferências na sociedade. O respeito, o diálogo, o acesso a informações, o empoderamento dos estudantes e a consideração das diversidades são horizontes pretendidos através dessas iniciativas de pesquisa nas escolas.