A VIDA COMO TEXTO, A SOCIEDADE COMO CONTEXTO: DESPERTANDO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA POR MEIO DE TRAJETÓRIAS AUTOBIOGRÁFICAS

Abstract

O presente trabalho propõe a elaboração de um material didático que utiliza narrativas autobiográficas como recurso metodológico para a análise, a partir de seus exemplos concretos, de categorias sociológicas associadas às obras selecionadas. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento da imaginação sociológica como instrumento operacional de compreensão da realidade social. Para isso, são mobilizados conceitos como gênero, papéis sociais, violência de gênero, interseccionalidade, coerção social, poder, dominação e classes sociais, a partir das trajetórias de Maria da Penha (Sobrevivi... posso contar), Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo: diário de uma favelada) e do conto “Saura Benevides Amarantino”, de Conceição Evaristo (Insubmissas lágrimas de mulheres). As narrativas são analisadas a partir de uma perspectiva que articula suas experiências ao conceito de gênero, entendido como categoria analítica das relações sociais, e, consequentemente, à relação entre indivíduo e sociedade. A proposta busca aprofundar a compreensão dos fenômenos sociais e suas conexões com trajetórias individuais, considerando os devidos cuidados na transposição didática dos conceitos científicos, bem como os limites históricos e metodológicos das teorias sociológicas. Por meio da interdisciplinaridade, do incentivo à leitura e da produção de diferentes gêneros textuais, pretende-se que essas histórias se constituam como instrumentos pedagógicos capazes de favorecer processos de identificação, reflexão e análise sociológica por parte dos alunos. A construção deste material demandou uma pesquisa bibliográfica sobre os conceitos trabalhados, além de uma análise crítica dos currículos e dos livros didáticos aprovados pelo PNLD no que se refere à abordagem (ou ausência) dessas temáticas. Espera-se que este material se configure como um recurso didático capaz de tornar o ensino de Sociologia mais dinâmico, acessível e conectado às experiências sociais concretas, favorecendo aprendizagens que articulem teoria, reflexão crítica e vivências.