Química inorgânica medicinal: aspectos gerais e desafios para o desenvolvimento de metalofármacos

Abstract

A utilização de compostos metálicos no tratamento de doenças remonta a uma prática ancestral da humanidade. No entanto, a Química Inorgânica Medicinal emergiu como uma subárea significativa das ciências Química Inorgânica e Química Medicinal apenas no ano de 1960, com o avento da cisplatina - cis-diaminodicloroplatina(2+).

Atualmente, os compostos de coordenação desempenham um papel crucial na pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, sendo essenciais na busca por novas espécies para tratamentos inovadores de diversas doenças. O design de novos complexos com atividade biológica se inicia com a escolha das espécies metálicas e do ligante, os quais estrategicamente formam compostos com baixa expressão de toxicidade e maior atividade requerida, com atraso no desencadeamento de fenômenos de resistência. Os íons metálicos e ligantes combinados influenciam diretamente as propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas do complexo, o que impactam a eficácia do mesmo como medicamento. Os compostos de coordenação são projetados para interagir seletivamente com alvos terapêuticos no organismo, como proteínas e/ou enzimas, por isso tornam-se componentes fundamentais no tratamento de diversas doenças, sejam por efeito de regulação ou eliminação do alvo.

Em virtude da relevância do tema, esse livro aborda aspectos contemporâneos sobre a Química Inorgânica Medicinal, com os principais desafios dos metalofármacos aplicados tratamento do câncer, de doenças metabólicas, e doenças negligenciadas.

O principal objetivo é que o leitor compreenda sobre o contexto histórico, as propriedades biológicas, os mecanismos de ação, desafios e perspectivas do uso de metalofármacos para tratamento de doenças, focando principalmente os complexos de platina, vanádio, rutênio, ouro, cromo, molibdênio, manganês, cobalto, bismuto e zinco.