MANUAL PARA APOIO À DETECÇÃO E MANEJO DA PERDA DE PESO NÃO INTENCIONAL EM IDOSOS POR PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA DA REGIÃO CENTRO DE SÃO PAULO

Abstract

O processo de envelhecimento cursa com alterações biológicas como a perda de peso não intencional. Essa condição associa-se a um aumento de morbidade e mortalidade em pessoas idosas, requerendo cuidado por equipe interprofissional da Atenção Básica, além do nutricionista. Embora a atenção a saúde dessa população esteja pautada em políticas e documentos norteadores de saúde, o cuidado aos idosos tem se mostrado desafiador, devido à necessidade de cumprimento de metas de produtividade na Atenção Básica, como número elevado de atendimentos e agendas pouco flexíveis. Objetivo. Conhecer a percepção de profissionais da Atenção Básica sobre o estado nutricional de idosos usuários de Unidades Básicas de Saúde, com ênfase para perda de peso não intencional e, identificar possibilidades de intervenção a essa problemática pela equipe interprofissional. Metodologia. Pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada em duas etapas: entrevistas individuais com roteiro semiestruturado e grupo focal com profissionais de nível superior da Atenção Básica das UBS da Região Centro do Município de São Paulo. Os dados das duas etapas foram transcritos na íntegra e submetidos à Análise Temática de Conteúdo, sendo discutidos conjuntamente, por meio de triangulação. Após, foi elaborado Produto Educacional intitulado “MANUAL PARA APOIO À DETECÇÃO E MANEJO DA PERDA DE PESO NÃO INTENCIONAL EM IDOSOS POR PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA DA REGIÃO CENTRO DE SÃO PAULO” com o objetivo de amparar a detecção e manejo da perda de peso não intencional em pessoas idosas na Atenção Básica (AB) na Região Centro de São Paulo. Resultados. Dezessete profissionais foram entrevistados, e doze destes participaram do grupo focal. Os profissionais referiram dificuldade em identificar idosos com perda de peso não intencional, embora a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica, usualmente utilizada, contenha pergunta específica sobre essa temática. Os desafios identificados para o cuidado a essa condição foram a insuficiência financeira e de suporte familiar, o isolamento social, a não adesão às ofertas de cuidado, a vulnerabilidade social, incluindo insegurança alimentar, além dos desafios do processo de trabalho, como a burocracia dos serviços, as dificuldades com a estrutura física das UBS, além do pouco tempo destinado às consultas. Quanto às possibilidades de cuidado, foram consideradas as abordagens grupais, as consultas e reuniões de discussão de casos, além do trabalho em equipe interprofissional, compartilhado com a Rede de Atenção à Saúde e intersetorial. A atenção nutricional e o nutricionista são fundamentais para o manejo da condição. O uso de Suplementos Nutricionais Orais foi observado, porém esses têm custo elevado e não são disponibilizados no SUS. O acesso a serviços de refeições domiciliares ou a restaurantes populares é fundamental para a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional. Conclusão. A perda de peso não intencional ainda é condição pouco identificada pelos profissionais da Atenção Básica, embora esses compreendam suas possíveis causas e implicações à saúde da população idosa, assim como observado em pesquisas internacionais. A atenção nutricional e interprofissional, a prática colaborativa, a Educação Permanente e o apoio da Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e da rede de serviços Intersetorial configuram-se como possibilidade de enfrentamento.