Webquest’s no Ensino de História: estudo e experiência no Tocantins

Abstract

A pandemia de covid-19, que se iniciou no final de 2019, tomou o mundo de assalto em 2020 e continuou a afligir a humanidade em 2021, nos impôs repensar alguns processos que já estavam em curso, em especial o avanço da digitalização em nossas vidas. O digital, assim, mais do que nunca, ganhou proeminência e suas ferramentas e funcionalidades se mostraram como principais alternativas para viabilizar a execução de atividades realizadas, antes, basicamente de forma analógica. É nesse contexto que ganha mais relevância e importância a publicação, agora em livro, em formato e meio digital, do trabalho de Antônio Guanacuy Almeida Moura sobre as potencialidades da utilização do Webquest como mais uma metodologia a auxiliar os docentes no processo de ensino, e, destaco, mais especificamente no Ensino de História. O foco no Ensino de História se soma a corrente de esforços e iniciativas nessa seara, estimuladas sobremaneira a partir do Mestrado Profissional em Ensino de História, o ProfHistória, para atender as demandas dessa área. E são muitas as demandas. O ProfHistória tem cumprido essa tarefa de emular as reflexões e testar possibilidades de trabalho efetivo, em especial com alunos do ensino fundamental e médio, a partir das orientações e projetos de mestrado em Ensino de História. Nesse sentido, o e-book que ora desponta é tributário dessa relação produtiva entre docentes que atuam no ensino básico e almejam atingir o grau de Mestre em Ensino de História, e a academia, neste caso o núcleo do ProfHistória da Universidade Federal do Tocantins - UFT (cujos campi de Araguaína e Tocantinópolis estão se autonomizando para tornarem-se a Universidade Federal do Norte do Tocantins – UFNT). Este foi o caso de Antônio e do resultado que aqui se concretiza em livro digital. Estive a frente da empreitada, deveras como orientador, quando ouvi a proposta de aplicar a metodologia de trabalho com webquest aqui no Tocantins. Um desafio e tanto diante das fragilidades da educação pública tocantinense e nacionais de forma geral, mas também, enorme fonte de expectativas quanto as potencialidades de adaptação e utilização da webquest. Melhor de tudo, nunca houve dúvida, por parte de Antônio quanto a exequibilidade da proposta. Era marcante a atualidade da proposição e a crescente conjunção de interesses quanto a inovações e novas experimentações no campo do ensino de História. Tendo definida a proposta de pesquisa envolvendo a utilização e aplicação de webquest para o ensino de História, foi necessário, incialmente, conhecer melhor esse universo de coisas que englobam a “internet”, seus mecanismos e processos digitais, instância múltipla, polifônica e cacofônica ao mesmo tempo, abastecida, ao final do século XX e início do XXI, como arca dos saberes, dados e informações humanas, utilizada na atualidade, por meio de mecanismos de busca, quase como se fossem oráculos digitais modernos, conquanto repositório da produção humana nos mais variados formatos e suportes. A internet parece instituir sua própria cosmogonia. Compreender o digital, a word wide web, a internet, a dinâmica das conexões, reconexões, transações e intermediações promovidas nesse universo e por meio dele dão a tônica da constituição e, sem exagero, da infinita ampliação desse engenhoso mecanismo que alterou significativamente a densidade, a relação entre o acesso, a velocidade e a quantidade de dados e informações na tessitura da temporalidade humana. Temos, por consequência, um tempo mais denso e urgente, que se abastece, destacadamente, de elementos cognitivos humanos para sustentar o crescimento, em grande medida rizomático, de formação de redes de comunicação e informação. Daí, desse meio, dessa construção, desse contínuo processar e reprocessar, destaca-se o foco na comunicação. Comunicar é preciso e a “internet” despontou como a vanguarda das iniciativas comunicacionais. Grosso modo, o comunicacional por meios digitais assaltou nosso cotidiano, amealhou nosso tempo e infundiu significativas alterações sociais que vão se espraiando por diferentes culturas, economias e sociedades. Não tardou, mesmo que timidamente, em chegar à educação. Do comunicacional ao educacional, eis aqui a ponte, mediante a experimentação posta em prática por Antônio Guanacuy, que resultou na propositura dessa trilha de aproximação de um fenômeno sociocultural com um segmento geracional que, salvo exceções, nasceu e cresceu em contato, de alguma forma e em alguma medida, com o digital. Aproveitar o potencial de navegação e buscas via “internet”, está no cerne da metodologia designada como webquest e se circunscreve nesse esforço de aproximação entre o comunicacional e o educacional. A partir daí deriva a tarefa de se entender e divulgar uma nova metodologia educacional, o webquest, relativamente recente, ainda em muito exótica na lida diuturna na sala de aula, como uma interessante metodologia a disposição do professor e aluno(a)s e, mais especificamente, algo passível de adaptação, ajustes e calibragem para utilização no Ensino de História. Sobre as vicissitudes dessa metodologia para pesquisa orientada na internet, caberá ao leitor mergulhar no texto que se segue para se conectar a proposta do autor. Convém destacar, também, que não se trata somente da propositura de um percurso virtual a ser executado por professor e aluno(a)s, sem lastro com a vida e contexto das pessoas. Eis um ponto central nesse trabalho, que buscou unir os discentes, seu contexto de vida, sua territorialidade, às diretrizes curriculares e demandas do Ensino de História, de modo a contemplar uma sequência didática, circunscrita em uma unidade temática da disciplina de História. São alunos reais, com uma territorialidade bem definida, qual seja, o estado do Tocantins, a cidade de Dianópolis e seu entorno, de uma turma de ensino médio. A atividade proposta e executada amarra, assim, as pontas da vida real dos discentes com um percurso virtual que estimula a reflexão histórica, sem descuidar da utilização de ferramentas assessórias, a propósito da utilização dos grupos de whatsapp dentre outras, por exemplo, que complementam e dão funcionalidade a inciativa. A temática evocada, “Representações da identidade negra no Brasil”, completa a pertinência e contemporaneidade da proposta didática desenvolvida. A escolha da proposta didática somada a metodologia e ferramentas próprias do webquest permitiram, dessa forma, fornecer subsídios para a necessária reflexão sobre as funcionalidades digitais disponíveis e possíveis de utilização efetiva por parte dos docentes no processo de ensino de História, bem como realçam os sucessos e dificuldades de sua execução, considerando as limitações e os desafios quanto a infraestrutura de conexão e acesso à internet no estado do Tocantins, a partir de uma cidade distante 338 km da capital do estado, Palmas, em uma instituição de ensino federal, sem desconsiderar, também, as implicações didático-pedagógicas do processo. A partir desse público e seguindo uma temática conectada a realidade e contexto desses aluno(a)s, a metodologia da webquest se mostrou efetivamente possível no Ensino de História. Demonstrou-se um percurso, abriu-se um caminho, que o leitor pode conhecer, com riqueza de detalhes, nas páginas que seguem. Ganha o campo da História, com essa frente de estudos que se amplia em relação ao ensino de História. Ganha o ProfHistória, por ter viabilizado este excelente trabalho, e, com partilha o autor, a partir da publicação de seu texto, ganha o leitor, com as virtudes e desafios educacionais ora narrados. Boa leitura a tod@s!