"SE EU PUDESSE ESCOLHER, NÃO SERIA..." Um estudo sobre diversidade sexual, os desafios de acolhimento na escola e as práticas pedagógicas da Sociologia no Ensino Médio

Abstract

Em 19 de dezembro de 2017, apesar da mobilização da classe LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e Intersexuais) o prefeito de Petrolina-PE, Miguel Coelho, aprovou e publicou a lei no 2985, que versa sobre a proibição das discussões sobre diversidade e orientação sexual dentro das escolas públicas e particulares do referido município. Leis como essa provocam a discussão a respeito do acolhimento dos jovens em sua diversidade sexual nas escolas e na comunidade. Diante desse contexto, agregado a outros acontecimentos é que surge a pesquisa a partir da necessidade de conhecer as situações de acolhimento dos jovens em sua diversidade sexual e as contribuições que a sociologia pode trazer no aspecto elucidativo de práticas que violentam a juventude em seus direitos e a impelem ao ostracismo. A abordagem metodológica utilizada foi a (auto)biográfica, que permite a compreensão dos fenômenos sociais como textos e a interpretação como construção de sentidos e significados das experiências particulares e coletivas. Ao convocar o sujeito a olhar para seu percurso pessoal de formação e formas de vida ele o faz mobilizando referências que estão na coletividade, assim como também produzirá subjetividades únicas. O objetivo foi entender como se dá o processo de integralização desse sujeito, que por vezes deixa de ser protagonista de sua própria história, tendo sua voz abafada e seu papel ignorado por falta de preparo da instituição escolar e de seus funcionários, que preferem se eximir de suas responsabilidades educativas por não saber lidar com essa temática tida como delicada ou até como um tabu por muitos docentes. A análise das narrativas revelou que gênero nem sempre é retratado pela perspectiva social e cultural, mas sim biológica, no que tangem as diferenças entre os sexos. Essa abordagem não é suficiente e não corresponde às demandas sociais que existem acerca da problemática. O modo como entendemos e vivenciamos o corpo é sempre mediado pelas formas de pensamento historicamente construídas. Também ficou evidente a discriminação e preconceito pelos próprios profissionais da escola, que embora sejam negados, aparecem frequentemente de forma implícita e “inconsciente” na fala daqueles e daquelas, que ao reproduzirem os discursos veiculados pela mídia e pela cultura observa-se que estão maculados de subjetivismos. Os resultados apontam ainda que a falta de informação nesse contexto leva alunos e educadores a seguir padrões convencionais que direcionam o trato às diferenças de gênero a produzirem estigmas, preconceito, discriminação, homofobia, lesbofobia e transfobia. As questões que envolvem sexualidade e gênero, em especial a heteronormatividade - e todas as opressões, produções e violências a partir dela, são questões sociais - mesmo nos casos em que se materializam num indivíduo. Uma experiência individual é, ainda assim, social.