Intervenção Pedagógica: Uma abordagem dialógica sobre a Divisão Sexual do Trabalho

Abstract

Esse documento trata-se de uma Intervenção Pedagógica intitulada “​Uma abordagem dialógica sobre a divisão sexual do trabalho​”, é resultado de uma pesquisa que foi desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica- ProfEPT, na instituição associada (IA) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológica Farroupilha (IFFAR), campus Jaguari-RS. O objetivo deste produto educacional é desenvolver um olhar crítico dos discentes dos cursos de educação profissional tecnológica sobre a desigualdade de gênero no mundo do trabalho e, ao mesmo tempo, ​inspirar ​educadores sobre a abordagem sistemática da temática divisão sexual do trabalho em ambientes escolares e não escolares de ensino. Como a desigualdade de gênero é um tema amplo, não há disciplina específica para tratá-la, e, deveria ser tema de todas as disciplinas que compõem o currículo escolar, esse material poderá ser utilizado por todos os profissionais, independente da área de formação. Dessa forma, essa intervenção está estruturada em duas etapas: embasamento teórico e interação professor(a)/aluno(a). A primeira parte deste documento foi dedicada aos aspectos teóricos dos principais conceitos que serão abordados, assim, o professor/professora compreende os aspectos históricos da problemática. A partir disso, levando em consideração dados oficiais de institutos de pesquisas, será problematizada a realidade brasileira sobre a desigualdade de gênero no trabalho, levando em consideração as escolhas profissionais marcadas por gênero, desigualdade salariais, dupla jornada de trabalho da mulher e baixa representatividade da mulher em cargos políticos. Os dados supracitados deverão ser apresentados de forma articulada, para que os discentes tenham uma compreensão geral do problema, para isso, leva-se em consideração a forma como o homem interage com natureza e com seus pares, criando assim símbolos, crenças, discursos que acabam definindo a forma como idealizamos o mundo. De forma dialógica e interativa, serão abordados os conceitos de trabalho e emprego. S​aber a diferença entre esses conceitos é de suma importância, uma vez que a principal característica de divisão sexual do trabalho é a destinação prioritária dos homens à esfera produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva, tendo como consequência a dupla jornada de trabalho da mulher. Ademais, esses conceitos serão problematizados com a questão de gênero, neste sentido, abordar os conceitos Sexo Biológico e Gênero é importante porque revelam, em parte, a oposição fundante entre natureza e cultura. Após a compreensão dos conceitos supracitados, será discutida com a turma formas de intervenções na problemática abordada, assim estimula-se a participação e engajamento de todos nas atividades. A finalidade é que os alunos reflitam sobre possíveis formas de intervenção na desigualdade de gênero no Brasil. A intenção é avaliar o nível de engajamento dos alunos para resolver o problema, bem como o nível de consciência despertada com as etapas anteriores. Todas as perguntas sugeridas na segunda etapa não tem ​a intenção de unicamente obter respostas, e sim provocar uma reflexão, levar as discentes a pensarem em temas que não haviam pensado e encontrar caminhos novos para lidar com suas dificuldades. A problematização tem a intenção de ajudar os discentes a olharem as histórias sob outras e variadas perspectivas, além de abrir espaço para formas diferentes de ação e gerar reflexão sobre comportamentos. Muitas atitudes e significados que damos às coisas são automáticos em nossas vidas, determinados pela repetitividade que acontecem na sociedade e pelo grau de aceitação desses comportamentos. Nas situações relacionadas aos comportamentos femininos e masculinos, por exemplo, isso é fácil de ser percebido, inclusive no trabalho reprodutivo realizado majoritariamente pelas mulheres. Tomamos por óbvia uma série de coisas que caracterizam o homem e a mulher e, por vezes, não sabemos responder o porquê de certas atitudes nossas. Neste contexto, por meio de debates e compartilhamento de informações, espera-se que os envolvidos nas atividades reflitam sobre o tema e analisem de maneira crítica como eles se relacionam ao nosso dia a dia. Desta forma, inclusive, há possibilidade de mudança de atitudes por parte dos envolvidos, caso eles julguem estarem agindo de maneira inadequada. Esse documento, não trata-se de um manual ou receita que deve ser seguida à risca, mas de uma sugestão de metodologia, que deverá ser adaptada e reinventada conforme as possibilidades e características do público e local em que for aplicada. Trata-se de um documento que se compromete com a tentativa de fazer uma leitura ampla da realidade, por isso, assume-se a posição abordada por Ronaldo Araújo e Galdêncio Frigotto: Não há apenas uma prática pedagógica para o Ensino Integrado, mas há prática mais adequada. Para esses autores, as propostas educacionais inovadoras foram aquelas vinculadas às lutas por mudanças. As estratégias de ensino e organização curricular serve o projeto de sociedade que assumimos em função da nossa luta da “Realidade Atual”. Portanto considera-se imprescindível a abordagem da temática desigualdade de Gênero no contexto escolar, levando em consideração a realidade brasileira. A escola como espaço de socialização, especialmente na educação profissional, não pode se furtar a promover discussões sobre desigualdade de gênero.