SENESNECTIT - Conectando idosos às tecnologias digitais
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Lacuna Digital

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Fonte da foto: Federation

​Segundo o Censo de 2010 do IBGE, o número de brasileiros acima de 65 anos, amparado pela maior expectativa de vida da população, deve praticamente quadruplicar até 2060. Segundo o IBGE, a população com essa faixa etária deve passar dos 19 milhões [1].

sEssa grande alteração na sociedade apresenta preocupações quanto ao bem-estar psicológico dos idosos que muitas vezes experimentam múltiplas mudanças de vida, tais como aposentadoria, isolamento social (resultando em dificuldades psicológicas tais como solidão, depressão, ansiedade e baixa autoestima), transferência para casas de repouso e falecimento de pessoas próximas. 

Estudos mostram que, quando o idoso mantém uma conectividade mais intensa com a família e/ou amigos, ele preserva sua saúde. Ao (re)construir e manter uma rede social, o risco de doenças (por exemplo, a hipertensão) abaixa significativamente [2].  Na velhice, segundo a Teoria da Seletividade Socioemocional [3], as metas de busca de informação são substituídas pela busca de regulação emocional. O idoso prioriza as relações socioemocionais próximas por ter chance de receber conforto emocional. Isso, na verdade, é um reflexo da redução dos contatos sociais.
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Assim, para aumentar a conexão social do idoso, investiga-se o uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) como uma estratégia de intervenção para diminuir a solidão e o isolamento social. Já está documentado o quanto o uso de computadores e dispositivos móveis conectados à internet tem efeitos positivos sobre o bem-estar dos idosos [4]. Esses dispositivos são utilizados não apenas para se conectarem a familiares e amigos ou, então, para obter informações sobre saúde, viagens, notícias, clima, etc., mas também para adquirir novos conhecimentos.

Embora a tecnologia venha se tornando ubíquia (onipresente), as TICs "não transformam a vida e toda faceta de vida igualmente" [5]. Ainda há uma lacuna digital bem grande sobre o conhecimento de TICs entre jovens e idosos, principalmente os acima dos 65 anos que pouco ou nunca utilizaram equipamentos eletrônicos digitais. As barreiras mais comum do uso de TICs por idosos incluem custos, design inapropriado, consciência e conhecimento, autoeficácia ou aplicabilidade, atitude e falta de interesse [6]. 

A figura abaixo ilustra o modelo de aceitação e rejeição de tecnologias sob a perspectiva da aprendizagem proposto por Barnard e colaboradores [7]. O modelo de Barnard e colaboradores mostra os diferentes aspectos que se apresentam no aprendizado de uma nova tecnologia por um idoso em termos da rejeição ou aceitação da mesma. A percepção de êxito, das dificuldades e da atitude para um novo aprendizado, características advindas da experiência de vida, determinam a pronta rejeição ou a tentativa de aprender e adotar a tecnologia. Mesmo percebendo suas dificuldades no aprendizado, o idoso com a intensão de aprender, experimenta e explora a tecnologia, decidindo por sua rejeição ou aceite. É interessante lembrar que o ambiente social do idoso é um fator determinante para impulsionar sua atitude para o aprendizado. Também, o apoio recebido durante a experimentação é essencial para que ele perceba sua capacidade para o aprendizado.​

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Modelo de Barnard et alli para aprendizagem de nova tecnologia pelo idoso [6]

Por outro lado, a dificuldade de aprender uma nova tecnologia vai além das percepções e experiências dos usuários. As características da tecnologia também se apresentam como desafios. Então, Barnard e colaboradores [6] expressam os fatores de transparência, reconhecimento imediato, feedback e recuperação de erros em um modelo de aceitação e rejeição da tecnologia a partir das características da ferramenta digital, complementando o modelo anterior. A figura abaixo mostra tal modelo e de que forma os aspectos do sistema ou de interface influenciam o aprendizado do idoso ao explorar novas tecnologias. 

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Modelo de Barnard et alli para os aspectos da tecnologia sob a perspectiva do idoso [6].

ara Barnard e colaboradores [7], os dois modelos se complementam. Uma nova tecnologia para ser aceita, aprendida e adotada deve apresentar as características de: ​
​1) Transparência:  os usuários devem entender o que podem fazer com o sistema e quais são as consequências às ações efetuadas. 
​2) Reconhecimento imediato: significa que o sistema possui funções de reconhecimento imediato, ou seja, o usuário identifica a funcionalidade intuitivamente, sem a necessidade de explicação prévia. A ação apresenta-se naturalmente. Um sistema acessível e com boa usabilidade não exige muito esforço de aprendizagem.
3) Feedback: necessário para que o usuário não se perca e tenha certeza de que o sistema faz aquilo que ele quer fazer. Um sistema que fornece comentários suficientes e claros facilita a aprendizagem. Isso ajuda os usuários a entender quais ações foram feitas de forma correta para repetirem da próxima vez.
4) Recuperação de erro: faz com os usuários não precisem se preocupar com erros efetuados, deixando a tarefa para o sistema se recuperar automaticamente. Ou, indicando caminhos para o próprio usuário recuperar. Se o usuário tiver certeza de que os erros cometidos possam ser recuperados, a experimentação é encorajada, motivando o processo de aprendizagem.

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Desafios
Materiais

Referências:
[1] Lisboa, V. (2016). IBGE: número de idosos com 80 anos ou mais deve crescer 27 vezes de 1980 a 2060. In: ​EBC Agência Brasil. Disponível em ​http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-10/brasil-tera-19-milhoes-de-idosos-com-mais-de-80-anos-em-2060-estima-ibge
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[2] Cornwell, E., & Waite, L. J. (2012). Social network resources and management of hypertension. Journal of Health and Social Behavior, 53, 215-231. doi:10.1177/0022146512446832.

[3] Carstensen, L. L., Fung, H. H. & Charles, S. T. Socioemotional selectivity theory and the regulation of emotion in the second half of life. Motivation Emotion 27, 103–123 (2003).

[4] Dinham, P. (2012). Technology reducing social isolation for elderly. In: IT Industry News. Disponível em  http://www.itwire.com/it-industry-news/ market/55382-technology-reducing-social-isolation-for-elderly

[5] Carroll, J. M., Bach, P., Rosson, M. B., Merkel, C. B., Farooq, U., & Xiao, L. (2008). Community IT workshops as a strategy for community learning. First Monday, 13(4).Disponível em  http://www.uic.edu/htbin/cgiwrap/bin/ojs/index.php/fm/ article/view/2052/1955  

[6] Delello, J. A. & McWhoter, R. R. Reducing the digital divide: connecting older adults to ipad thecnology. In: Journal of Applied Gerontology, 2017, v. 36(1), pg 3-28. doi: 10.1177/0733464815589985 

[7] Barnard, Y., Bradley, M. D., Hodgson, F. & Lloyd, A. D. (2013). Learning to use new technologies by older adults: Perceived difficulties, experimentation behaviour and usability. Computers in Human Behavior, 29(4), 1715–1724. doi:10.1016/j.chb.2013.02.006

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